sábado, 16 de agosto de 2008

4°Desafio: Limpeza de Santa Maria - RS



Consciência não é tudo: A limpeza urbana e o recolhimento do lixo na cidade são alguns dos desafios do próximo prefeito. (Por:BIANCA BACKES - Diário de Santa Maria - RS)

Consciência ecológica é o que não falta na casa da economista Angela Maria do Nascimento, 36 anos, que mora em Camobi. Lá, como ela mesma faz questão de explicar, quase não se produz lixo. Tudo bem que basta estar vivo para produzir algo que não terá mais validade alguma e que vai parar em algum aterro sanitário ou na rede de esgoto. Mas, no lar de Angela Maria, o lixo se transforma em materiais que podem ser reaproveitados. Porém, não basta ter bons hábitos e ser consciente quando o poder público nem sempre funciona como aliado para resolver este tipo de problema.Quando o assunto é lixo e limpeza urbana, o próximo prefeito de Santa Maria terá um longo desafio pela frente, a começar pela coleta tradicional. Na maior parte dos bairros, como em Camobi, onde mora a economista, a coleta não é diária (ocorre três vezes por semana). Das 23 regiões mapeadas pela prefeitura para a coleta, aliás, apenas em três, o recolhimento é diário.Tudo bem que Angela Maria só dispense seus sacos com lixo não-reciclável nos dias em que há coleta. Mas, como nem todos os moradores estão informados sobre a periodicidade, a cena nas ruas do bairro, antes mesmo do caminhão da coleta passar, costuma ser bem desagradável. Sacos de lixo abertos, sujeira espalhada pelo chão por obra de cachorros que farejaram o cheiro dos alimentos, lixeiras de prédios e condomínios abarrotadas são alguns exemplos do que se pode encontrar pela frente. Há até quem pregue as sacolas com lixo orgânico em postes.Isso sem contar que o caminhão não tem um horário certo para passar. Na segunda-feira passada, quando a previsão da moradora era que os coletores passassem por volta das 7h30min, o recolhimento ocorreu apenas no fim da manhã. Falta divulgação e, pelo visto, regularidade também.
***
Seletiva bem seletivaPara evitar que os materiais recicláveis separados pelos moradores de Camobi acabem no aterro sanitário da cidade, o esforço precisa ser maior. Há cerca de um mês, teoricamente, o bairro teria passado a ser contemplado pela coleta seletiva. Mas Angela Maria não participa do projeto, apesar de separar o lixo de casa (inclusive, ela transforma restos de comida em adubo, enterrando o material na horta). Até porque quem quer participar é que tem de entrar em contato com a prefeitura. E as informações sobre o novo sistema - como o horário em que é feita a coleta - ainda não são repassadas ao usuário com clareza.Para piorar, o recolhimento é feito apenas uma vez por semana (veja o quadro). Para a economista, ele seria mais eficiente se o caminhão da coleta tradicional, que passa no bairro três vezes por semana, fosse acompanhado de um veículo para recolher apenas os resíduos recicláveis. Por isso, ela quer repassar o lixo que a família produz diretamente a algum catador.Quando ainda moravam em outro prédio, há três anos, também em Camobi, Angela Maria e o marido, o professor universitário Dalvan Reinert, 52 anos, tiveram uma experiência desagradável com uma coleta seletiva organizada pelo próprio condomínio. Ela conta que até o lixo seco causa mau cheiro quando acumulado por muitos dias, por causa de embalagens que não foram bem lavadas. Qualquer restinho de alimento é suficiente para atrair insetos.As embalagens de remédios da família de Angela Maria têm outro destino: vão para uma farmácia de manipulação do bairro que oferece descontos aos clientes que levam os recipientes usados. O material não é reutilizado pelo estabelecimento. A farmacêutica responsável, Marisa Simara Buriol Filipetto, 39 anos, explica que esterilizar os potes sairia muito caro. Eles são entregues a uma associação de catadores.
***
Faltam lixeirasEm uma cidade com 263 mil habitantes, como Santa Maria, o número de lixeiras públicas dispostas nas ruas deixa a desejar. A estimativa da prefeitura é que existam cerca de 200, concentradas no Centro. O resultado prático da falta de recipientes pode ser visto nas ruas e praças espalhadas pelo município: papéis, plásticos, copos e outros materiais jogados pelo chão. Nos bairros, ver sujeira no chão pode ser corriqueiro. No Centro, o problema fica ainda mais evidente antes das 6h, quando começa o trabalho das dezenas de garis.Para tentar compensar a falta de lixeiras, varredores passam o dia em praças e ruas centrais, e em algumas avenidas dos bairros. O trabalho de varrição começa às 6h, de segunda a sábado, e conta com 43 garis que trabalham pela Sulclean (empresa terceirizada) e sete presos que prestam serviços pelo Plano de Ação Conjunta (PAC) à prefeitura. O Calçadão, por exemplo, passa por diversas limpezas. Em casos de eventos em locais públicos, a atenção também é voltada para esses lugares. Mas os bairros, que já não contam com lixeiras públicas, também não têm esse serviço. A explicação do Executivo para a não-instalação de lixeiras é o vandalismo. Conforme a Secretaria de Proteção Ambiental, muitas lixeiras são incendiadas após sua instalação.
***
Contêineres são solução?O trabalho dos garis também não soluciona o excesso de sacolas plásticas com lixo acumuladas em alguns locais da cidade. À tardinha, em lugares como o canteiro da Avenida Rio Branco, a visão chega a ser deprimente: diversos pacotes com resíduos ficam empilhados até a coleta.A expectativa é que o problema seja resolvido ou minimizado com a instalação de contêineres no Centro para a coleta dos resíduos domésticos. Com o novo sistema, previsto para funcionar até outubro, moradores poderão depositar os seus sacos de lixo nos recipientes a qualquer hora. Os contêineres terão o tamanho de um carro e serão instalados em vagas de estacionamento. A intenção é estender o sistema aos bairros, com o tempo. Mas, inicialmente, a tentativa de solução será apenas no Centro.

Um comentário:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.