quinta-feira, 31 de julho de 2008

DOHA: fracasso das negociações na OMC


Essa rodada tem por objetivo diminuir os empecilhos comerciais das negociações da organização Mundial do comércio (OMC).

Os interesses se concentram na grande separação dos países ricos, em desenvolvimento e desenvolvidos. A questão agrícola é o fato mais discutido nas negociações.


ROBIN POMEROY - REUTERS

GENEBRA - O fracasso da chamada Rodada de Doha do comércio global afeta o sistema internacional de negociações a ponto de tornar remota a perspectiva de acordos a respeito de outros temas, como o aquecimento global e a proliferação nuclear. "Se não conseguimos nem administrar o comércio, como vamos nos encontrar em posição de administrar novos desafios, como a mudança climática", disse a comissária de Agricultura da União Européia, Mariann Fischer Boel, depois do colapso das negociações na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, na terça-feira. "É um fracasso com consequências mais amplas do que as que jamais vimos." Até o final do ano que vem, o mundo precisa definir um tratado climático que substitua o Protocolo de Kyoto, que foi instituído em 1997 e expira em 2012. A exemplo dos acordos comerciais, os pactos climáticos precisam ser adotados por consenso --algo que se mostrou impossível entre os 153 países da OMC. Assim, o fracasso de Genebra pode ser um mau presságio para a reunião do final de 2009 em Copenhague e para os esforços contra a proliferação nuclear, especificamente no caso do Irã, segundo analistas. "Isso vai solapar grandemente a confiança na boa-vontade multilateral", disse Mark Halle, do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável. "Ninguém acha que podemos conseguir um tratado climático sem superar a profunda desconfiança no mundo em desenvolvimento." A perspectiva para o tratado climático fica ainda mais complicada diante do fato de que a Rodada de Doha, lançada em 2001 com o objetivo declarado de ajudar os países pobres por meio do comércio, fracassou por causa das divergências entre EUA e grandes países emergentes.


O Protocolo de Kyoto só exige reduções das emissões dos gases do efeito estufa por parte dos países desenvolvidos, mas há a expectativa de que o novo tratado preveja cortes também para grandes nações em desenvolvimento. "Será extremamente difícil (para os países em desenvolvimento) reconstruir sua confiança no sistema multilateral com relação ao desejo dos ricos de fazerem qualquer coisa", disse Halle. A ascensão de grandes países emergentes, como Brasil, China e Índia, desde o início da Rodada Doha, em 2001, também vai mudar a dinâmica das negociações climáticas, na opinião de Bruce Stokes, pesquisador do Fundo Marshall dos Estados Unidos na Alemanha. "Certamente a Índia em particular será um ator-chave em Copenhague", disse ele. "As objeções de última hora da China ao acordo de Doha salientam sua influência, que evidentemente será ainda maior."


A Índia resiste particularmente a qualquer exigência de redução de emissões de carbono, e sua posição firme na disputa contra os EUA em Genebra sugere que Nova Délhi terá também pouca flexibilidade nas discussões climáticas. (Reportagem adicional de Paul Taylor em Bruxelas

terça-feira, 29 de julho de 2008

Desafio nº 1: Segurança em Santa Maria - RS



Viver com medo


Quem mora em Santa Maria sofre com a ameaça do crime. É um problema que pode ser amenizado com a ajuda do futuro prefeito
LUIZ ROESE

Depois de 16 anos morando no mesmo lugar, na zona centro-oeste de Santa Maria, uma aposentada de 59 anos não tem mais o mesmo sentimento por sua casa. Em uma tarde quente deste mês, ela estava tirando uma sesta depois do almoço, mas foi acordada por um estrondo na porta da frente. Ela deu de cara com um ladrão na sala.Dali em diante, a vida dessa vítima mudou. Ultimamente, ela só consegue dormir à base de remédios. Há dias em que não consegue lavar a louça. Tampouco pendurar a roupa para secar no varal. Em resumo, acabou a tranqüilidade. O medo passou a ser um companheiro constante.- O bandido fez terrorismo comigo. Dentro da minha própria casa. Ele ainda disse que tinha um louco do lado de fora, que tinha fugido do manicômio e era um assassino. Antes de ir embora, falou que iria voltar - conta a vítima.Da ação criminosa, foram levados um par de tênis e um video game, que era a única diversão do neto de 12 anos. Mas muito maior do que o prejuízo material, foi o sentimento de medo que ficou. Uma cerca mais alta foi colocada depois do assalto, como primeira medida. Agora, mesmo com gente em casa, todas as trancas possíveis são usadas. Outro novo hábito também foi adicionado ao dia-a-dia da aposentada:- Agora fico toda hora na janela para ver se não tem estranho rondando a casa.Na hora do assalto, ela estava com a sobrinha-neta de 4 anos, que até hoje faz comentários sobre o "tio" que quis machucar sua tia-avó. Ou seja, o sentimento de medo se estendeu ao resto da família.Assim é viver em Santa Maria. Apesar de os índices de crimalidade estarem em queda, não deixa de ser preocupante ocorrer uma média de sete assaltos por dia na cidade. Dos mais diversos tipos. Os campeões são os ataques a pedestres - foram 744 de janeiro a junho deste ano. Mas também ocorrem roubos a motoristas, a estabelecimentos comerciais, a ônibus e a moradores dentro de suas próprias casas.No caso da aposentada, o jovem que a assaltou seria viciado em crack. A droga é o principal motivo de preocupação das autoridades de segurança pública em Santa Maria. As primeiras apreensões ocorreram em 2006, mas foi a partir deste ano que esse mal se espalhou de vez por todos os cantos da cidade. Por ser barato - uma pedrinha é vendida por cerca de R$ 5 - , o crack tomou conta da periferia primeiro. Mas também já faz vítimas entre a classe média. O público de usuários é formado principalmente por crianças, isso mesmo, adolescentes e jovens.- O crack é uma droga de alta dependência. Basta usar duas vezes para ficar viciado. E, para sustentar o vício, o usuário começa com furtos domésticos e depois parte para crimes mais graves - conta o titular da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Sandro Meinerz.Não há uma pesquisa oficial sobre o assunto, mas policiais que lidam diariamente com a criminalidade estimam que o uso de crack está ligado a pelo menos um em cada 10 casos de assaltos ou furtos que ocorrem em Santa Maria. Tudo para trocar por droga. Até maio deste ano, a Defrec já havia apreendido 250 gramas da droga na cidade, mas esse número já passou dos dois quilos. É bem mais do que os 300 gramas recolhidos no ano passado inteiro, uma amostra de que esse problema não pode ser ignorado.O começo: mais policiaisE o que um prefeito tem a ver com isso tudo? Afinal, proteger as ruas é tarefa da Brigada Militar e investigar os crimes está entre as missões da Polícia Civil, ambos órgãos ligados ao governo do Estado. Mas eles não são os únicos que podem ajudar a população a ter menos medo. Um chefe do Executivo municipal pode começar sua tarefa pela pressão política para conseguir mais policiais para a cidade. O déficit atual é calculado em 40% de pessoal para a Brigada e de 50% para a Civil.- Quanto mais o prefeito gritar por mais policiais, melhor. Só funciona assim - constata um oficial da Brigada Militar.Na opinião do delegado regional de Polícia Civil, Oscar Corrêa dos Santos Júnior, um dos principais papéis de uma prefeitura está na criação de ações preventivas, voltadas para crianças e adolescentes.- Claro que isso só vai ter resultado daqui a 10 anos - opina o delegado.E o principal foco da Secretaria Municipal de Assuntos de Segurança Pública, criada em 2005, está justamente na prevenção. A pasta já estimulou o descarte de armas de brinquedo e promove palestras em escolas, dentro do projeto Construtores da Paz, feito em conjunto com outras entidades.Parcerias, uma boa idéiaSe o crime não espera, o jeito é formar parcerias que dêem resultado nos dias atuais. Como o Grupo de Trabalho de Combate ao Abigeato (furto ou roubo de gado), que reúne Polícia Civil, Brigada Militar e órgãos municipais e estaduais. Desde o início do trabalho, em 2001, essa união de força já apreendeu mais de 50 toneladas de alimentos em situação irregular.- Todos ajudam a fiscalizar a carne clandestina, o que colabora na diminuição do abigeato - diz o delegado Sandro Meinerz.Agir em articulação com o Conselho Municipal de Segurança Pública também é um caminho. Formado por 75 entidades - entre elas, secretarias municipais - , ele é encarregado de discutir políticas que dêem mais tranqüilidade ao cidadão. Uma das primeiras tarefas do novo prefeito pode ser mobilizar o órgão, que há dois meses não consegue quórum para suas reuniões mensais. É do conselho a missão de gerenciar o Fundo Municipal de Segurança Pública, que pode investir recursos em ações preventivas.As tarefas de um prefeito na área de segurança parecem pequenas. Mas podem fazer diferença, evitando que moradores usem muros para separá-los de vilas e invasões, como nos bairros Pé de Plátano e Noal. Foram respostas diante do medo. Respostas essas que todos esperam de quem for governar Santa Maria.

domingo, 27 de julho de 2008

Lei Seca nas Rodovias Federais Brasileiras


No Brasil, apesar da designação comum, não existe a Lei Seca, mas dispositivos legais que buscam coibir o consumo de bebidas alcóolicas em determinadas situações ou períodos.
Um exemplo disso é a restrição de consumo imposta durante a época das eleições. O período de proibição varia de acordo com a legislação de cada estado.
O expediente é usado também por muitas cidades numa tentativa de conter os índices de violência. Geralmente em dias úteis da semana, no período da madrugada, os bares são proibidos de funcionar e comércio de bebidas, reprimido.

Modificação do Código de Trânsito

Em 20 de junho de 2008 foi aprovada a Lei 11.705, modificando o Código de Trânsito Brasileiro. Apelidada de "lei seca", proíbe o consumo da quantidade de bebida alcóolica superior a 0,3 ml por condutores de veículos, ficando o condutor transgressor sujeito a pena de multa, a suspensão da carteira de habilitação por 12 meses e até a pena de detenção, dependendo da concentração de álcool por litro de sangue. Apesar de não ser permitida nenhuma concentração de álcool, existem valores fixados, prevendo casos excepcionais, tais como medicamentos à base de álcool e erro do aparelho que faz o teste. A concentração permitida no Brasil é de 0,2 g de álcool por litro de sangue, ou, 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido no exame do bafômetro.
Lei seca é uma das mais rígidas do mundo
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VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃOda Folha de S.Paulo.

Numa lista de 82 países pesquisados pela International Center For Alcohol Policies, instituição com sede em Washington (EUA), a nova lei seca brasileira com limite de 2 decigramas de álcool por litro de sangue é mais rígida que 63 nações, iguala-se em rigidez a cinco e é mais tolerante que outras 13, onde o limite legal varia de zero a 1 decigrama. Veja a lista de países pesquisados.
Com a nova lei, em vigor desde sexta passada, o limite legal agora é equivalente a um chope. Além de multa de R$ 955, a lei prevê a perda do direito de dirigir e a retenção do veículo.
A partir de 6 decigramas por litro (dois chopes), a punição será acrescida de prisão. A penade seis meses a três anos e é afiançável (de R$ 300 a R$ 1.200, em média, mas dependedo entendimento do delegado).

Em países vizinhos ao Brasil, como Argentina, Venezuela e Uruguai, o limite legal de concentração de álcool no sangue varia de 5 decigramas por litro a 8 dg/l. Na Europa, países como Alemanha, França, Espanha e Itália têm limites de 5 dg por litro, acima do brasileiro.
Nos EUA, onde a lei varia a cada Estado, o limite fica entre 1 a 8 dg/l. Igualam-se ao Brasilao fixar 2 dg/l os países nórdicos, como Suécia e Noruega.
Menos tolerantes que o Brasil estão algumas nações do leste europeu, como Romênia e Hungria, onde o limite é zero.

Em alguns lugares, a lei é mais abrangente e proíbe a condução de barcos, como no Canadá, ou de bicicletas, como a Califórnia (EUA). A Suíça avalia se o carona poderia ou não beber para não prejudicar a habilidade do condutor.

"Foi um avanço, mas o melhor é o limite zero. O problema é implementar a fiscalização. São Paulo tem um número irrelevante de bafômetros", diz Sérgio Duailibi, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
"A legislação no mundo inteiro está mudando. É preciso fazer uma fiscalização rigorosa com bafômetro. No Brasil, o mais grave é que nunca houve um apoio popular mais forte a medidas assim", completa.

Pesquisa conduzida por ele e pelo também médico Ronaldo Laranjeira, com cerca de 5.600motoristas em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Santos e Diadema revelaque, às sextas e sábados, 30,3% deles tinham algum nível de álcool no sangue constatado no teste do bafômetro, sendo que 19,3% tinham níveis iguais ou superiores a 6 decigramas deálcool por litro de sangue, o limite atual para prisão.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Mapa do Rio Grande do Rul - RADAM


Retomada de Angra III


O Brasil decidiu apostar novamente na aventura nuclear sem divulgar exatamente quanto isso vai custar. Na semana passada, o governo autorizou a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 (foto acima), no litoral do Rio de Janeiro. O empreendimento foi aprovado na segunda-feira pelo Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE). Segundo o governo, Angra 3 custará R$ 7,2 bilhões. Técnicos do governo vêm afirmando que o plano federal inclui a construção de oito novas usinas a serem inauguradas até 2030. A empreitada esconde vários subsídios. Eles podem multiplicar o investimento para valores que a sociedade ainda desconhece. Os valores envolvidos e as incertezas despertam dúvidas sobre as razões da decisão. A aprovação de Angra 3 levanta uma questão: será a via nuclear realmente uma escolha energética apropriada para o Brasil?



Após o acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, os países desenvolvidos cancelaram seus planos para a construção de novas usinas. A indústria nuclear passou duas décadas no ostracismo. A opção nuclear voltou à cena nos últimos anos como uma alternativa energética para enfrentar as mudanças climáticas. A vantagem dos reatores é que não emitem gás carbônico, o principal causador do aquecimento global. No Brasil, porém, não está claro se essa é uma opção eficaz. Se a idéia é reduzir as emissões de gás carbônico, pesquisadores afirmam que o caminho poderia ser outro. “A prioridade é reduzir o desmatamento da Amazônia, nossa principal fonte de emissão de gases de efeito estufa”, diz José Goldemberg, do Instituto de Energia da Universidade de São Paulo. Seu argumento é que as usinas nucleares podem ter outros impactos, ainda maiores, para o meio ambiente.


A primeira preocupação em torno da energia nuclear é sua segurança. Países desenvolvidos, como os Estados Unidos, a França, o Japão e a Alemanha, produzem há décadas energia de algumas dúzias de usinas nucleares, sem grandes incidentes com vítimas. Mas há indícios de que o cenário nuclear brasileiro não segue os critérios ideais. Um estudo realizado no ano passado pela Câmara Federal em parceria com especialistas constatou que o país não tem a estrutura adequada nem para fiscalizar o setor nuclear nem para garantir a segurança da população. Para começar, há um problema estrutural: o conflito de atribuições do Conselho Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Ele é responsável tanto pela promoção quanto pela fiscalização do setor nuclear no país. Mas a Convenção Internacional de Segurança Nuclear, da qual o Brasil é signatário, proíbe que as duas atividades sejam exercidas pelo mesmo órgão.


O resultado disso pode ser verificado na forma como foi executado o plano de emergência de Angra. A região tem cerca de 119 mil habitantes. Suas belas praias atraem até 1 milhão de turistas por ano. Poucos moradores já foram informados sobre o que fazer no caso de um acidente nuclear. Edson Jorge, chefe do serviço de emergência nuclear da Defesa Civil Municipal, afirma que já foi feita uma campanha de esclarecimento, com a distribuição de panfletos e calendários com instruções de fuga. Mas diz que não se lembra quando. Sobre os turistas, Jorge informa que não há orientação. “Não há esse direcionamento de informar ao turista. Não diretamente”, diz Jorge. E se houver uma emergência? “Na hora a gente indica o caminho que eles têm de seguir.” Analistas de segurança temem que a única estrada pavimentada, normalmente congestionada nos fins de semana de sol, não dê vazão para a população em fuga.


Além da segurança, outra questão não resolvida em relação à energia nuclear é sua viabilidade econômica. De acordo com os cálculos da Agência Internacional de Energia, referência mundial no tema, construir usinas nucleares é mais caro que optar por usinas hidrelétricas e termelétricas a carvão ou gás. Outro levantamento, do Departamento de Energia e Comércio, da Inglaterra, também aponta a energia nuclear como mais cara que as outras. Há ainda uma comparação feita pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA: a eletricidade dos reatores é 95% mais cara que a das termelétricas a gás.
Um dos raros estudos que colocam a energia nuclear como mais competitiva foi feito justamente pelo Ministério de Minas e Energia brasileiro. Segundo o levantamento, divulgado em maio deste ano, a eletricidade nuclear só perderia para a gerada pelas hidrelétricas. “O custo divulgado é de um otimismo notável”, afirma Goldemberg. “É um exercício de economista para mostrar que ela é competitiva, quando na realidade não é.” Para Francisco de Carvalho, mestre em Energia Nuclear e ex-diretor da Nuclen (atual Eletronuclear), “o valor só é baixo porque é subsidiado pelo governo”.
Boa parte do custo nuclear é paga pelo governo de forma obscura. Um exemplo é o custo de destinação dos rejeitos radioativos. Nenhum país do mundo encontrou uma solução definitiva para estocar esse material. Os EUA estão construindo um depósito nas montanhas de Nevada, ao custo de US$ 5 bilhões. No Brasil, isso não foi nem orçado. A Eletronuclear, empresa estatal responsável pelo setor, não divulga o valor gasto com o armazenamento de rejeitos nucleares de Angra 1 e 2, provisoriamente guardados no interior das próprias usinas, em piscinas de contenção. Dentro de alguns anos, os rejeitos terão de ser remanejados para um local mais seguro. O presidente da Eletronuclear, s Othon Pinheiro da Silva, não tem informações exatas sobre como isso será feito. “Os depósitos de longa duração estão sendo trabalhados. Só teremos de pensar nisso daqui a uns 20 anos”, afirma.
O país não tem um bom histórico na previsão de gastos nucleares. O governo diz que a conclusão de Angra 3 vai custar R$ 7,2 bilhões, equivalentes a US$ 3,6 bilhões. Em 2003, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciava que a obra sairia por US$ 1,8 bilhão. As projeções do MIT sugerem que uma usina com a mesma potência de Angra 3 custa, no mercado internacional, 40% abaixo do que o governo diz que pretende gastar. Mudanças de previsão de gastos são comuns na história nuclear do país. A construção de Angra 2, orçada inicialmente em US$ 2 bilhões, terminou custando o quíntuplo.
Operários vistoriam os equipamentos já comprados para Angra 3. Será que vale a pena tirar o material das caixas?
Parte do subsídio oficial para a energia nuclear está embutida no seguro para acidentes. Isso é uma prática internacional. Nos EUA, o Congresso limita o valor segurado para o caso de acidentes a US$ 9 bilhões. “É uma fração do que custaria um acidente como o de Chernobyl”, diz o engenheiro Vijay Vaitheswaran, especialista em energia da revista inglesa The Economist. No Brasil, não é diferente. De acordo com a Eletronuclear, o pagamento do seguro em caso de acidente envolvendo Angra 1 e 2 é de US$ 500 milhões, para cada uma das usinas. Esse valor, porém, não paga nem uma parcela da construção das usinas nem indenizações a terceiros. O resto do prejuízo seria custeado pelo governo. Tal privilégio pode ajudar na competitividade aparente da energia nuclear. Outras indústrias, como a do petróleo, precisam embutir o preço dos possíveis acidentes em suas operações. Pergunte à Petrobras. Em 2001, a empresa perdeu sua maior plataforma, a P-36. O prejuízo de US$ 356 milhões foi plenamente pago pela seguradora responsável.
Na Inglaterra, durante a década de 1980, a então primeira-ministra, Margaret Thatcher, terceirizou todo o sistema público de geração de energia, menos a parte nuclear, exatamente porque o setor privado não vê vantagens no setor. Os empresários brasileiros também pensam assim. “Existem várias energias economicamente mais viáveis, especialmente no Brasil, com enorme potencial hidrelétrico”, diz Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende, que representa os investidores da área energética no Brasil.
Em abril de 2005, a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, declarou que “não é hora de fazer Angra 3, porque você tem outras alternativas renováveis mais baratas”. Essa era a posição do governo quanto à política energética naquele momento. Como então explicar, dois anos depois, uma mudança tão radical na opinião do Planalto? O motivo parece ser a disputa entre o Ministério de Minas e Energia e a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, que não autoriza a construção de novas usinas hidrelétricas. “Estou sentindo um certo escapismo com o problema. O governo precisa ter coragem de enfrentar a batalha das hidrelétricas”, diz o engenheiro Luiz Pinguelli Rosa, da Coordenadoria de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ (Coppe). Ou então o contribuinte poderá ter de pagar uma conta – não necessariamente em dinheiro.




A herança radioativa:


O Brasil sofreu um dos três piores acidentes nucleares da História. O maior deles, em Chernobyl, interrompeu a construção de novas usinas no mundo

GOIÂNIA, Brasil Em 1987, catadores de sucata pegaram cápsulas radioativas de césio de um equipamento médico descartado sem cuidados. Quatro pessoas morreram e 800 foram contaminadas

CHERNOBYL, Ucrânia Um reator explodiu em 1987 na então república soviética, espalhando uma nuvem radioativa pela Europa. Na ocasião, 56 pessoas morreram e até hoje milhares têm risco elevado de câncer

THREE MILES ISLAND, EUA Em 1979, por falhas técnicas, o reator saiu de controle, com risco de explosão. Levou cinco dias para ser controlado. Uma explosão – que não ocorreu – teria contaminado uma área com milhões de habitantes

terça-feira, 22 de julho de 2008

Programa Nuclear do Irã

Programa Nuclear do IRÃ


O conflito envolvendo o polêmico programa nuclear do Irã já se arrasta desde 2002. Confira alguns fatos que marcaram a disputa.
O atual conflito devido ao programa nuclear de Teerã começou no final de 2002, quando uma emissora de televisão dos EUA divulgou fotos de duas instalações nucleares iranianas até então desconhecidas, Arak e Natanz.
Teerã aceitou as inspeções dos especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e começou um processo no qual se destacam as seguintes datas (informações das agências de notícias EFE e DPA):

2003

Fevereiro: O então presidente do Irã, Mohammad Khatami, afirma que seu país produzirá seu próprio combustível nuclear. Inspetores da AIEA começam a supervisionar as instalações nucleares.
Outubro: O Irã aceita cooperar com a AIEA e suspende o enriquecimento de urânio.
Novembro: A AIEA afirma que o Irã reconhece ter produzido pequenas quantidades de urânio altamente enriquecido, suficientes para alimentar armas nucleares, embora não haja provas de que tivesse intenção de construí-las.
Dezembro: O Irã assina a adesão ao Protocolo Adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

2004
Fevereiro: Diferentes fontes afirmam que o pai da bomba atômica paquistanesa, Abdul Qadeer Khan, entrega tecnologia e conhecimentos nucleares ao Irã.
Novembro: O UE-3 (Alemanha, França e Reino Unido) consegue que Teerã aceite suspender todas as atividades relacionadas ao enriquecimento de urânio durante o processo de negociação.

2005
Abril: O Irã anuncia que colocará em funcionamento a conversão de urânio na central de Isfahan.
Setembro: A AIEA constata que o Irã violou no passado suas obrigações de salvaguardas internacionais.

2006
9 e 10 de janeiro: O Irã rompe os lacres de três instalações nucleares para investigá-las, o que provoca uma onda de protestos.
12 de janeiro: O UE-3 pede uma reunião de emergência da AIEA para levar a disputa ao Conselho de Segurança.
31 de janeiro: Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais a União Européia acordam em Londres que a AIEA envie o relatório ao órgão da ONU, em sua reunião de urgência em 2 de fevereiro.
4 de fevereiro: A AIEA envia o relatório do Irã ao Conselho de Segurança com o apoio de 27 países, cinco abstenções e a rejeição de Venezuela, Cuba e Síria.
O Irã anuncia que limitará o acesso da AIEA e que retomará seu programa de enriquecimento de urânio.
20 de fevereiro: Termina sem acordo a primeira rodada de consultas sobre a iniciativa do Kremlin de enriquecer urânio na Rússia para abastecer o Irã. A proposta russa será rejeitada poucos dias depois por Teerã.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Ahmadinejad não está disposto a ceder
11 de abril: Mahmud Ahmadinejad – presidente do Irã desde junho de 2005 – confirma que o combustível produzido pela primeira vez nas centrais iranianas tem 3,5% de enriquecimento.
13 de abril: O diretor da AIEA, Mohammed El Baradei, viaja a Teerã, mas fracassa na tentativa de que o Irã pare o enriquecimento de urânio.
28 de abril: El Baradei afirma em seu relatório para o Conselho de Segurança que o Irã não cumpriu a exigência de parar o enriquecimento de urânio.
29 de junho: O Irã anuncia que responderá oficialmente em agosto à oferta de incentivos da comunidade internacional para que suspenda o programa de enriquecimento de urânio.
6 de junho: O encarregado de segurança e política externa da UE, Javier Solana, faz aos iranianos uma oferta de colaboração política, econômica e nuclear para que Teerã interrompa suas atividades nucleares.
12 de julho: Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e a Alemanha definem em Paris que a disputa nuclear com o Irã seja assumida novamente por esse órgão da ONU, com a possibilidade de aplicar sanções.
28 de julho: O Conselho de Segurança alcança um acordo sobre a resolução do conflito do Irã.
31 de julho: O Conselho de Segurança da ONU aprova uma resolução exigindo que o Irã suspenda obrigatoriamente as atividades de enriquecimento de urânio, e dá como prazo até 31 de agosto.
22 de agosto: Sem dar sinais de que pretende ceder, o Irã entrega uma resposta por escrito à proposta internacional apresentada por Solana em junho.
29 de agosto: Ahmadinejad reitera que o Irã continuará enriquecendo urânio.
31 de agosto: Termina mais um ultimato imposto pela ONU e Ahmadinejad diz que seu país não se curvará à pressão internacional.
23 de dezembro: O Conselho de Segurança da ONU aprova por 15 votos a 0 sanções contra o Irã.

2008

Secretário-Geral (foto) falou a jornalistas que país deve cumprir, inteiramente, as resoluções do Conselho de Segurança.
Mônica Villela Grayley, Rádio ONU em Nova York. O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que tem pedido às autoridades no Irã que cumpram, inteiramente, as resoluções do Conselho de Segurança sobre as atividades nucleares do país. Ban Ki-moon fez a afirmação durante uma resposta a jornalistas sobre a situação no Oriente Médio e os testes com mísseis, realizados pelo Irã. Obrigação
Ban, secretário geral da ONU
Segundo ele, o programa nuclear do Irã é algo bastante preocupante. Ban afirmou que tem pedido ao governo iraniano que continue suas negociações com a União Européia e outras partes sobre o tema. De acordo com agências de notícias, o Irã teria testado nove mísseis, na quarta-feira. Imagens mostradas pela TV iraniana sugerem que, alguns dos mísseis foram lançados de uma área deserta. O Secretário-Geral da ONU lembrou que todos os países-membros da ONU têm a obrigação de cumprir as resoluções do Conselho de Segurança. O órgão aprovou uma resolução pedindo ao Irã que suspenda o enriquecimento de urânio entre outros pontos do programa nuclear do país. Vários representantes da comunidade internacional manifestaram preocupação de que as atividades atômicas do Irã possam levar à construção de armas nucleares, mas o governo iraniano diz que seu programa tem fins pacíficos.
O atual programa nuclear iraniano está sob suspeita de produção de bomba atômica, enriquecimento de urânio. A União Européia está querendo levar o Irã para o Conselho de Segurança da ONU, mas Rússia e China, os dois países no qual a União Européia está querendo convencer a levar o país ao Conselho. Recentemente, a Rússia vendeu mísseis ao Irã.

sábado, 19 de julho de 2008

China: Uma potência Econômica



Com uma população de mais de 1,31 bilhão de habitantes (a maior do planeta), a China ocupa uma superfície de 9.640.821 km² (ou 9.676.801 km², se incluído o território de Taiwan, que a República Popular da China reivindica). Sua capital é Pequim.


Devido a sua enorme população, o crescimento vertiginoso de sua economia, seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento, seus gastos militares e sua condição de Estado declaradamente detentor de armas nucleares, a China costuma ser considerada uma superpotência emergente. É a quarta maior economia do mundo (ou a segunda maior, pelo critério de paridade de poder de compra) e representa a China como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Desde 1978, o país implementa reformas para adotar, em alguma medida, uma economia de mercado, o que ajudou a tirar 400 milhões de pessoas da pobreza. Entretanto, o país enfrenta outros problemas econômicos, inclusive o rápido envelhecimento da população e uma crescente disparidade entre a renda urbana e a rural. A China desempenha um papel importante no comércio internacional, ao ser o maior consumidor mundial de aço e concreto (usa, respectivamente, um terço e mais da metade daqueles insumos) e o segundo maior importador de petróleo. É o terceiro maior importador do mundo e o segundo maior exportador, em termos globais.



A economia chinesa é notada por alto nível de crescimento orientado à exportação. A sua transformação em economia mista, foi iniciada por Deng Xiaoping em 1978, após a falha da economia planificada em desenvolver os sistemas produtivos chineses a níveis aceitáveis.
As reformas de Xiaoping incluíram a privatização das fazendas, o que pôs fim à agricultura coletiva, e de indústrias estatais que fossem consideradas de baixo desempenho na época, como mineração e produtos básicos (roupas, processamento de alimentos), entre outras. Em 1997 a China abandonou de vez o socialismo de mercado para o capitalismo convencional, acabando com o principio de propriedade estatal e executando um segundo maciço programa de privatização. Para selar sua condição de economia globalizada, em 2001 a China foi aceita na Organização Mundial do Comércio.
Atualmente, 70% da economia da China é privada, e este número continua crescendo.
Crescimento chinês 2000 - 2007.
Este robusto crescimento econômico, combinado com excelentes fatores internos como estabilidade política, grandes reservas em moeda estrangeira (a maior do mundo, com US$ 818,9 bilhões), mercado interno com enorme potencial de crescimento, faz com que a China seja atualmente um dos melhores locais do mundo para investimentos estrangeiros, com uma avaliação de risco (Moody's) A2, índice considerado excelente.
Houve nos últimos anos um aumento significativo da qualidade de vida dos chineses. Apenas 10% da população vive abaixo da linha da pobreza e 99,8% dos jovens são alfabetizados (em comparação com 69,9% da década de 1980). A expectativa de vida chinesa é a terceira maior do leste asiático, com 71,9 anos, atrás de Japão, com 82,2, e de Coréia do Sul, com 77,3.
Apesar do progresso significativo dos últimos anos, existem grandes obstáculos para o crescimento chinês a longo prazo. A rápida piora da distribuição de renda é um desses problemas, com um coeficiente de Gini em 44,1 e cada vez maior. Outro grande problema é o previdenciário que, com a política de uma criança apenas e aumento da expectativa de vida, está começando a apresentar grandes desequilíbrios no fluxo de caixa, sendo cada vez menor a relação entre trabalhadores contribuintes por aposentado. Outro problema é a diferença de desenvolvimento econômico entre as áreas costeiras, principalmente ao norte da China, e o seu interior, ainda predominantemente agrário e de baixa renda, o que foi exarcebado com a liberação do mercado, pois os investidores preferem investir em áreas com melhor infraestrutura e trabalhadores mais qualificados.
A China tem uma reputação de produtor de bens industriais a baixo custo. Este fato se deve a sua mão-de-obra barata, o não pagamento de licenças de alguns produtos e os baixos impostos.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Reativação da 4ª Frota aguça sentimentos antiamericanos


Governo vê ligação com descoberta de petróleo na costa, que ex-comandante da Marinha e ex-chanceler descartam.

Ela vai e vem na História do Brasil, como o vulto de um navio fantasma balançando no Oceano Atlântico. Sua primeira aparição foi em abril de 1943. Transferida de Norfolk (Virgínia) para Natal, a 4ª Frota americana passou a escoltar, com a esquadra brasileira, os navios mercantes no Atlântico Sul, depois que seis deles foram afundados por submarinos alemães. Em 1950, saiu de cena, absorvida pela 2ª Frota.Em dezembro de 1976, ela ressurgiu de forma fantasmagórica. O jornalista Marcos Sá Corrêa revelou no Jornal do Brasil, com base em documentos da Biblioteca Presidencial Lyndon Johnson, em Austin, que um porta-aviões, três destróieres, um porta-helicópteros, oito aviões de abastecimento e um de comunicações, oito caças, um posto de comando aerotransportado e quatro petroleiros se reuniram no dia 31 de março de 1964 e rumaram para Santos. Além de centenas de milhares de barris de combustíveis, traziam 110 toneladas de armas e munição, incluindo 250 carabinas calibre 12. O objetivo era apoiar o golpe militar contra o presidente João Goulart, se houvesse resistência. Como não houve, a esquadra voltou para os Estados Unidos, sem entrar em ação. Essa imaterialidade só contribuiu para aumentar sua mística. “É uma sombra na história, algo que poderia ter sido e não foi”, define Sá Corrêa.“Os EUA intervêm na América Central desde a Guerra Hispano-Americana de 1898, mas aqui nunca houve qualquer tipo de intervenção”, diz o historiador Marco Antonio Villa. “Criou-se um mito no Brasil.” O anúncio do restabelecimento da 4ª Frota, no dia 24 de abril, reavivou o antiamericanismo dos presidentes de esquerda da região. “Qual é a razão para que os EUA nos enviem essa frota? Nunca vão admitir que é pelos recursos naturais da região”, acusou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, durante a reunião de cúpula do Mercosul, no dia 1º, em San Miguel de Tucumán, Argentina. Segundo o ex-tenente-coronel pára-quedista do Exército venezuelano, a esquadra americana pode, além de cercar a América do Sul, penetrar pelos Rios Amazonas, da Prata e Orinoco.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou no clima: “Agora que descobrimos petróleo a 300 quilômetros de nossa costa, queremos que os EUA expliquem qual é a lógica dessa frota, justamente numa região como esta, que é pacífica.”“Não creio que a 4ª Frota tenha relação com o Brasil e muito menos com o petróleo”, descarta Luiz Felipe Lampreia, chanceler no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-98). Para ele, trata-se de “uma mexida numa peça relevante do poderio projetável americano para exercer pressão sobre outras casas do tabuleiro, em países que têm posição muito confrontada com os EUA, como a Venezuela, Equador e Bolívia.” O Brasil “não tem com que se preocupar”.A visão do presidente Lula, de que a reativação da esquadra tem ligação com a descoberta de petróleo na costa brasileira, encontra ressonância no Itamaraty. “Neste momento, é difícil desvincular a 4ª Frota do alto preço do petróleo e das ameaças ao suprimento regular no Oriente Médio, se o quadro é de redução da instabilidade tanto na África Ocidental quanto na América do Sul”, diz uma fonte do Ministério das Relações Exteriores. Segundo o diplomata, mesmo tendo relações “excelentes” com os EUA, o Brasil se preocupa porque a situação é bem diferente com alguns vizinhos, como a Venezuela. Mas ele ressalva que essa visão é “preliminar”: o Itamaraty ainda está analisando a questão.Algumas quadras acima na Esplanada dos Ministérios, a visão é outra. “Em princípio, a 4ª Frota não é uma preocupação”, diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim. “Temos os nossos próprios espaços e eles serão preservados de forma absoluta.” Para Jobim, a medida é apenas uma “sinalização política equivocada”.


“A 4ª Frota está sendo ativada porque deveremos estar entre 2013 e 2014 com 1 bilhão a mais de barris de petróleo por ano, subindo para cerca de 2,8 bilhões”, analisa Jairo Cândido, diretor do Departamento de Defesa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). “Não é para ocupar ou tomar, mas para vigiar esse território, coisa que nossas Forças Armadas não têm condição de fazer.”O comandante da Marinha, almirante Julio de Moura Neto, admite que “o Brasil está vulnerável” e não tem condições de proteger adequadamente as suas reservas de petróleo, mas se mostra despreocupado com a 4ª Frota: “Os EUA têm dado todas as garantias de que respeitarão todas as figuras jurídicas”, disse ele. “E a 4ª Frota está sendo reativada para cumprir uma missão antes cumprida pela 2ª Frota, que consideravam sobrecarregada.”“Acho muito alarde para pouca coisa”, menospreza o almirante Roberto Guimarães Carvalho, que comandou a Marinha até março do ano passado. “Seria muito mais coerente se em vez de ficarmos preocupados com a 4ª Esquadra americana nos preocupássemos com a única esquadra brasileira.”


Na sua gestão, Carvalho elaborou um plano de R$ 5,2 bilhões de reaparelhamento da Marinha, mas o pleito não foi adiante. “Se nada for feito, em 2025 a Marinha acaba.” A média de idade dos navios é de 30 a 40 anos, quando deveria ser de no máximo 20. Carvalho não vê relação entre a recriação da 4ª Frota e a descoberta de petróleo na costa brasileira.O almirante Mario Cesar Flores, ministro da Marinha no governo Fernando Collor (1990-92), também não: “Não muda nada em relação ao que já existe há décadas.” Flores lembra que o Comando Sul, ao qual está subordinada a frota, “sempre teve força naval, só que extraída de outras esquadras”. O almirante diz que simplesmente o que se fez foi “dar ao Comando Sul estrutura similar à de outros comandos”, não havendo razão para “nenhuma preocupação objetiva”.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

ARGENTINA: Resolução 125



A votação no Senado argentino que derrotou o projeto do governo, concluída às 4h30 de hoje (17/julho/2008), foi comemorada pelos produtores rurais, instalados ao ar livre no bairro portenho de Palermo.
"Foi uma atitude nobre, de muita coragem por parte do vice-presidente (Julio Cobos)", disse o vice-presidente da Sociedade Rural, Hugo Biocalti.
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O próximo passo agora, explicou o presidente de Confederações Rurais, Mario Llambias, é buscar uma solução para desenhar uma política agropecuária para o país. Segundo ele, "deveria haver uma nova reunião com o governo para fazer uma nova lei".
O jurista Daniel Sabsay explicou que a derrota do projeto de lei no Senado implica uma revogação da polêmica Resolução 125, anunciada em 11 de março, que deu início à crise com o setor agropecuário.
"Evidentemente, do ponto de vista formal, a Resolução 125 fica sem efeito, mas é preciso que o governo a revogue", alertou Sabsay em rápida entrevista à Agência Estado.
Ele explicou que o Congresso não pode revogar uma medida do Executivo, mas como vetou o projeto que pedia a sua ratificação, "a Resolução 125 não poderá ter êxito diante da Justiça".
O jurista recordou que em vários municípios, a medida que elevou os impostos de exportações agrícolas e criou o mecanismo de alíquotas que acompanham os preços internacionais dos grãos, já foi considerada inconstitucional. "Isso significa que em caso de uma derrota no Senado, a medida passa a ser inconstitucional", detalhou.

Acidente da TAM: um ano depois


Um ano depois de acidente da TAM, parentes brigam na Justiça por indenizações.


“A maior tragédia da história da aviação neste País marcou para sempre a vida de 199 famílias. O que nos causa decepção é constatar que a própria TAM, que poderia atender acordos muito mais razoáveis, dificulta as soluções, pelo menos materiais, para essas famílias. Ela tem dificuldade de reconhecer sua responsabilidade. Essa luta ainda vai longe”, A avaliação é do advogado da Associação de Familiares e Amigos das vítimas do vôo JJ 3054 da TAM (AfavTam), Eduardo Lemos Barbosa, um ano após o acidente com o vôo JJ3054 da TAM.
Barbosa explica que até março deste ano a TAM auxiliou com passagens e hospedagem para os parentes, em maior parte do Rio Grande do Sul. “Daí em diante eles cortaram essa verba para as pessoas que entraram contra a empresa na Justiça (cerca de dois terços do total de familiares). Quem entrou em acordo com a TAM recebeu indenização. Quem entrou na Justiça ainda não”, afirma.
“As propostas da TAM têm sido, no mínimo, ofensivas. Para quem perdeu um parente, existe proposta que é mais que uma bofetada”, acrescenta Roberto Gomes, assessor voluntário da AfavTam e irmão de uma das vítimas.
A companhia aérea afirma em nota que, “embora consciente de que nada poderá compensar a perda dos entes queridos, a TAM vem se empenhando, desde o primeiro momento, em apoiar os familiares de todas as maneiras e concluir o mais rapidamente possível o procedimento da indenização”.
A empresa cita medidas como a criação de um telefone 0800 exclusivo para atendimento, a contratação de uma empresa de serviços funerários para todo o processo até a realização dos funerais, apoio ao IML na coleta de DNA, atendimento psicológico contínuo aos familiares, e concessão de 633 planos de saúde por um período de dois anos, entre outros.
Até o momento foram fechados 78 acordos de indenização com a TAM e sua seguradora, a Unibanco AIG.



10 Vítimas eram da região de Santa Maria - RS


Famílias das vítimas ainda clamam por definições sobre o que causou a maior tragédia da aviação brasileiraHá um ano, a estudante de pegagogia e professora Leila Maria Oliveira dos Santos, 35 anos, fazia sua primeira e última viagem de avião. Ela não fazia idéia de que a despedida da família em Santa Maria seria o último adeus. Leila foi uma das 10 vítimas da região que estavam no vôo JJ 3054 da TAM, que, ao se espatifar contra um prédio da própria companhia - na tentativa de pousar no Aeroporto Internacional de Congonhas, em São Paulo - , causou a morte de 199 pessoas, entre passageiros, tripulantes e pessoas que estavam no solo.A maior tragédia aérea do Brasil fez o país chorar. A mãe de Leila, Celina Lima dos Santos, 71 anos, ainda chora a perda da filha e a longa espera por respostas.- Eu tive de me mudar. Até hoje, quando passo em frente à casa onde a gente morava, choro. Não saber o que de fato causou o acidente também machuca muito. Queremos que os responsáveis sejam punidos logo - diz Celina.O trauma do acidente foi tanto que a mãe de Leila descarta viagens de avião. Familiares até pensaram em participar das homenagens às vítimas, hoje, em São Paulo, mas Celina passou mal:- Não consigo assimilar a imagem de alguém que amo entrando num avião. A sensação é de que ela não voltará mais.

Passado um ano do acidente, um inquérito sem conclusão e poucas medidas para evitar novos acidentes são motivos de inconformidade para a família do empresário santa-mariense Richard Salles Canfield, 30 anos, outra vítima da tragédia. Donos de uma agência de publicidade, da qual Richard também fazia parte, Henry, 29 anos, George, 27, e Daniel Salles Canfield, 26, mantiveram a rotina de viajar de avião, mesmo depois da morte do irmão. Porém, até hoje, não se sentem seguros nas aeronaves brasileiras. E não é apenas pelo trauma de terem vivido a tragédia do vôo JJ 3054.- Eu estava em um avião que aterrissou em Congonhas há cerca de um mês. A lembrança era muito triste, mas o pouso em si foi um horror. Os riscos continuam - avalia George.Na casa de Eliane Soares Dornelles, que morava em Porto Alegre, a terça-feira foi de tristeza. Nesse dia, ela completaria 34 anos. Os filhos, Eduarda, 5 anos, e Vinícius, 8, queriam comprar um bolo e cantar parabéns à mãe.- Eles acreditavam que, assim, a mãe voltaria para casa e, como nos outros aniversários, sopraria as velinhas - conta a irmã de Eliane, Gislaine Dornelles.

Outro ponto que ainda angustia os familiares das vítimas são as indenizações. Nenhuma das 10 famílias da região teria fechado acordo com a TAM. Algumas procuraram um escritório, nos Estados Unidos, especializado em acidentes aéreos, para entrar com uma ação na Justiça. Outras, como a de Leila e a da professora Elida Dembinski, 54 anos, nem contrataram advogado. Elas argumentam que querem, antes de mais nada, justiça.Acordos - De acordo com a assessoria de imprensa da TAM, até ontem foram feitos 79 acordos de indenização a parentes de vítimas da tragédia. Isso não quer dizer, no entanto, que esse é o número de famílias beneficiadas. É que muitas delas têm mais de um beneficiado. A câmara especial criada para fazer os acordos de quem não buscou a Justiça comum fechou 11 acordos.A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não comenta o acidente, mas ressalta que os atrasos nos vôos estão em queda, mesmo que o volume de passageiros nos aeroportos cresça a cada dia. Em julho de 2007, os atrasos acima de 60 minutos superavam 25% dos vôos. Desde fevereiro, estão abaixo de 10%. Em julho de 2007, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que os atrasos não eram o ponto principal da discussão:- Se for necessário, que se prolonguem as filas para garantir a segurança. É o preço que pagamos.



À espera de punição

Uma das pastas integrantes do inquéritoEliane e Roberto – assim como outros parentes e amigos das vítimas do vôo JJ 3054 - ainda esperam resposta da Justiça para quem são os culpados desta tragédia. O inquérito que apura as causas do acidente deve ser concluído, porém, apenas em setembro.
O laudo feito pela Diretoria da Engenharia da Aeronáutica (Direng), e divulgado nesta semana, apontou irregularidades na pista de Congonhas. A macrotextura, rugosidade que facilita o escoamento da água, deveria ter 0,5 milímetro no mínimo, segundo a norma IAC 4.302, do extinto Departamento de Aviação Civil (DAC). Tinha em média 0,35 milímetro. Com as ranhuras, aplicadas depois que o acidente ocorreu, a macrotextura subiu para 1,48 milímetro.
Os resultados do laudo se assemelham aos do documento apresentado pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, que afirma que a pista não era recomendada para aterrissagens em dias chuvosos devido à falta de ranhuras. No laudo, destaca-se ainda que não houve falhas nos manetes do avião, o que poderia ter acontecido, já que um dos reversos, sistemas que ajudam na frenagem, estava travado. A conclusão oficial do laudo deve ocorrer em setembro, mas até agora três quartos do documento estão redigidos.
“Para a conclusão do inquérito falta o relatório da Cenipa, o laudo final do Instituto de Criminalística e o delegado receber o depoimento de Denise Abreu e Milton Zuanazzi (ex-diretores da ANAC). Esperamos que, em setembro, estes documentos sejam entregues e que o Ministério Público receba o inquérito e o encaminhe à Justiça. Queremos que os fatos sejam revelados. E, se houver responsáveis, que eles sejam punidos”, afirma Roberto.
Sete devem ser indiciados
O delegado Antonio Carlos Menezes Barbosa, que coordena a investigação, afirmou, com base no relatório da Polícia Civil que ainda será encaminhado ao Ministério Público, que sete pessoas devem ser indiciadas como responsáveis pelo acidente. O delegado, porém, não deu mais detalhes. Ele preferiu apenas dizer que as investigações vêm apontando negligência e imprudência como causas do acidente.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Palestina: Origem do Hamas


O Hamas (acrônimo parcial de Harakat al-Muqawamah al-Islamiyyah ou حركة المقاومة الاسلامام em árabe; em português, Movimento de Resistência Islâmica) é um partido político e movimento guerrilheiro palestino. A origem do Hamas está ligada à luta pela formação do Estado Palestino, e pela desocupação dos territórios palestinos invadidos por Israel, durante a Guerra dos Seis Dias. Criado, em 1987 na cidade de Gaza, o Hamas preconiza a luta contra Israel, por todos os meios, visando à libertação da Palestina e a formação de um estado independente palestino "... desde o Rio Jordão até o mar". Sua carta de princípios, redigida em 1988, preconiza o estabelecimento de um estado muçulmano na Palestina mas, segundo seu dirigente, Khalid Meshal, " a carta não prega de modo algum a destruição de Israel. Em árabe, está escrito para colocar um fim na ocupação israelense da Palestina.Não queremos nos livrar do outro. Desejamos apenas obter nossos direitos." De um lado, o Hamas figura na lista de organizações terroristas do Conselho da União Européia, do Canadá, do Japão, dos EUA e de Israel. Os ataques de seu braço armado visam a militares e civis israelenses. Por outro lado, o movimento criou uma vasta rede de assistência social na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.






sábado, 12 de julho de 2008

BIOCOMBUSTÍVEIS





Conceito: Biocombustível é qualquer combustível de origem biológica, desde que não seja de origem fóssil. É originado de mistura de uma ou mais plantas como: cana-de-açucar, mamona, soja, cânhamo, canola, babaçu, lixo orgânico, dentre outros tipos. Biocombustíveis são fontes de energia renovável, derivados de matérias agrícolas como plantas oleaginosas, biomassa florestal, cana-de-açúcar e outras matérias orgânicas. Existem vários tipos de biocombustíveis: bioetanol, biodiesel, biogás, biomassa, biometanol, bioéter dimetílico, bio-ETBE, bio-MTBE, biocombustíveis sintéticos, bioidrogénio.
Mas os principais biocombustiveis são: a biomassa, o bioetanol, o biodiesel e o biogás.

Tipos de Biocombustiveis:


Em Portugal, são considerados biocombustíveis, no âmbito do Decreto-Lei nº 62/2006 (decreto-lei que transpõe a matéria para a Diretiva nº 2003/30/CE e cria mecanismos para promover a colocação no mercado de quotas mínimas de biocombustíveis; prevê dez tipos), os seguintes produtos:
bioetanol: etanol produzido a partir de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos para utilização como biocombustível;
biodiesel: éster metílico e/ou etílico, produzido a partir de óleos vegetais ou animais, com qualidade de combustível para motores diesel, para utilização como biocombustível;
biogás: gás combustível produzido a partir de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos, que pode ser purificado até à qualidade do gás natural, para utilização como biocombustível ou gás de madeira;
biometanol: metanol produzido a partir de biomassa para utilização como biocombustível;
bioéter dimetílico: éter dimetílico produzido a partir de biomassa para utilização como biocombustível;
bio-ETBE (bioéter etil-terc-butílico): ETBE produzido a partir do bioetanol, sendo a porcentagem em volume de bio-ETBE considerada como biocombustível igual a 47%;
bio-MTBE (bioéter metil-terc-butílico): combustível produzido com base no biometanol, sendo a porcentagem em volume de bio-MTBE considerada como biocombustível de 36%;
biocombustíveis sintéticos: hidrocarbonetos sintéticos ou misturas de hidrocarbonetos sintéticos produzidos a partir de biomassa;
bioidrogénio: hidrogénio produzido a partir de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos, para utilização como biocombustível;
óleo vegetal puro produzido a partir de plantas oleaginosas: óleo produzido por pressão, extração ou processos comparáveis, a partir de plantas oleaginosas, em bruto ou refinado, mas quimicamente inalterado, quando a sua utilização for compatível com o tipo de motores e os respectivos requisitos relativos a emissões.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

sábado, 5 de julho de 2008

A Saga de Ingrid Betancourd


Ingrid Betancourt Pulecio (Bogotá, 25 de Dezembro de 1961) é uma senadora e activista anticorrupção franco-colombiana. Foi raptada pelo grupo terrorista FARC em 23 de Fevereiro de 2002 enquanto fazia campanha para as eleições presidenciais. Betancourt permaneceu cativa até o dia 2 de Julho de 2008, quando o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou a sua libertação juntamente com outros catorze reféns.
Filha de um ex-senador e ex-embaixador colombiano com uma ex-miss Colômbia, Gabriel Betancourt e Yolanda Pulecio, viveu boa parte de sua juventude em Paris, onde o pai servia como embaixador da Colômbia junto à UNESCO. Estudou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Seu ambiente familiar propiciou-lhe o convívio com o poeta Pablo Neruda, o escritor Gabriel García Márquez e o pintor Fernando Botero. Teve dois filhos de seu primeiro casamento na França.
Após o assassinato de
Luis Carlos Galán, (ex-candidato a presidência) com uma plataforma política anti-drogas, Íngrid decidira retornar à Colômbia (1989). Em 1990 ela trabalhou no Ministério das Finanças da Colômbia, posteriormente abandonou, para entrar na política. Na sua primeira campanha, Íngrid distribuíra preservativos que representavam como ela mesmo dizia: "um preservativo contra a corrupção". Combatia o tráfico de drogas e militava na causa ambiental.
Íngrid concorrera ao cargo de senadora na eleição de
1998 - a quantidade de votos que recebera fora a maior entre todos os candidatos ao senado daquela eleição. Durante seu mandato recebera ameaças de morte por uma organização militar desconhecida, forçando-a a enviar seus filhos para Nova Zelândia.
Na eleição presidencial seguinte, Íngrid concedera apoio a
Andrés Pastrana em troca de concessões de seu interesse. Porém, após sua eleição ela reivindicara o não cumprimento das promessas por Andrés a ela feitas.
Após a eleição de 1998 Íngrid escrevera um livro, uma memória. Em princípio, seu livro não fora publicado na Colômbia , pois continha revelações polêmicas, além de críticas e acusações contra o antigo presidente
Samper e outros, por isso fora publicado inicialmente na França com o título: "La Rage au Coeur" (Raiva no coração).
Seqüestrada em 2002, permaneceu em poder das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) até 2 de Julho de 2008, quando foi resgatada numa operação do exército colombiano.